RENATO PARADA
Formado em Jornalismo, iniciou seu trabalho na fotografia como assistente em diversos estúdios.
Formado em Jornalismo, iniciou seu trabalho na fotografia como assistente em diversos estúdios.
Renato Parada nasceu em 1981 em São Joaquim da Barra – SP. Formado em Jornalismo, iniciou seu trabalho na fotografia como assistente em diversos estúdios. Depois, passou a retratar autores, escritores e artistas do meio cultural brasileiro, projeto ao qual se dedica pessoal e profissionalmente há 12 anos. Mora em São Paulo.
R$ 220,00
Texto de Michel Laub
“O inventor da arte fotográfica é o inventor da mais desumana de todas as artes. A ele devemos a definitiva deformação da natureza e do ser humano que nela vive, reduzidos à careta perversa de um e de outro.” A fala é do narrador de Extinção, romance satírico do ficcionista e dramaturgo austríaco Thomas Benhard (1930–89), e talvez não seja a ideal para o prefácio de um livro de fotografia. Mas vale lembrar dela por dois motivos. O primeiro é que Bernhard é um dos autores preferidos de Renato Parada, dado importante num trabalho cujo objeto é a imagem de quem escreve: há algo de sobreposto, de ironia sobre a (auto)ironia, na operação de retratar o metiê literário – já que seus integrantes também são deformadores por excelência. O segundo motivo é que, transformado em ética do dia a dia, esse olhar dúbio sobre a própria atividade acaba influenciando um método. Quem já foi fotografado profissionalmente sabe do que estou falando. Existe uma influência da conversa, da condução afetiva durante as pequenas e grandes negociações de uma sessão de retratos, na forma como acabamos definidos pela imagem – como a superfície plana do retrato reproduz a dimensão oceânica da nossa empáfia, ou insegurança, ou de qualquer vulnerabilidade do ego diante do que não se pode controlar no olhar dos outros. No caso de Parada, o processo nunca passa por qualquer tipo de imposição, muito menos de confronto. Tendo a sorte de conhecê-lo há muitos anos, atribuo esse modo de trabalhar à sua personalidade também irônica, baseada num humor muito particular – uma mistura de fatalismo budista e falsa ingenuidade típica do folclore do interior de São Paulo. Quero crer que um pouco dessa vibração apareça em sua obra: nada nela se aproxima dos clichês pirotécnicos de certa fotografia artística, com personagens vestindo fantasias ou imersos em ambientes exóticos. Aqui, a interferência na cena jamais tem como norte o elogio em cima de efeitos cômicos ou dramáticos imediatistas. Se eu pudesse definir o que marca o resultado dessa produção, que já soma uma década em editoras e na imprensa, diria que nela o conceito de pose pega uma espécie de atalho. Em vez de dar longas voltas formais para tentar chegar a uma essência humana – as mentiras de luz, enquadramento, figurino e composição que podem traduzir a verdade individual diante das lentes –, Parada aposta na franqueza da imagem, na presença mais desarmada possível de cada personagem seu. Claro que é uma utopia, pois há um componente artificial em qualquer retrato. Mas a tentativa já é uma linguagem em si, o registro de como a ética influi na estética. Deixar escritoras e escritores à vontade com aquilo que são, ou que podem ser segundo o melhor palpite que temos a respeito, ajuda o resultado a um só tempo despojado e rigoroso que vemos nas páginas a seguir.
Renato Parada nasceu em 1981 em São Joaquim da Barra - SP. Formado em Jornalismo, iniciou seu trabalho na fotografia como assistente em diversos estúdios. Depois, passou a retratar autores, escritores e artistas do meio cultural brasileiro, projeto ao qual se dedica pessoal e profissionalmente há 12 anos. Mora em São Paulo.
Texto de Michel Laub
“O inventor da arte fotográfica é o inventor da mais desumana de todas as artes. A ele devemos a definitiva deformação da natureza e do ser humano que nela vive, reduzidos à careta perversa de um e de outro.” A fala é do narrador de Extinção, romance satírico do ficcionista e dramaturgo austríaco Thomas Benhard (1930–89), e talvez não seja a ideal para o prefácio de um livro de fotografia. Mas vale lembrar dela por dois motivos. O primeiro é que Bernhard é um dos autores preferidos de Renato Parada, dado importante num trabalho cujo objeto é a imagem de quem escreve: há algo de sobreposto, de ironia sobre a (auto)ironia, na operação de retratar o metiê literário – já que seus integrantes também são deformadores por excelência. O segundo motivo é que, transformado em ética do dia a dia, esse olhar dúbio sobre a própria atividade acaba influenciando um método. Quem já foi fotografado profissionalmente sabe do que estou falando. Existe uma influência da conversa, da condução afetiva durante as pequenas e grandes negociações de uma sessão de retratos, na forma como acabamos definidos pela imagem – como a superfície plana do retrato reproduz a dimensão oceânica da nossa empáfia, ou insegurança, ou de qualquer vulnerabilidade do ego diante do que não se pode controlar no olhar dos outros. No caso de Parada, o processo nunca passa por qualquer tipo de imposição, muito menos de confronto. Tendo a sorte de conhecê-lo há muitos anos, atribuo esse modo de trabalhar à sua personalidade também irônica, baseada num humor muito particular – uma mistura de fatalismo budista e falsa ingenuidade típica do folclore do interior de São Paulo. Quero crer que um pouco dessa vibração apareça em sua obra: nada nela se aproxima dos clichês pirotécnicos de certa fotografia artística, com personagens vestindo fantasias ou imersos em ambientes exóticos. Aqui, a interferência na cena jamais tem como norte o elogio em cima de efeitos cômicos ou dramáticos imediatistas. Se eu pudesse definir o que marca o resultado dessa produção, que já soma uma década em editoras e na imprensa, diria que nela o conceito de pose pega uma espécie de atalho. Em vez de dar longas voltas formais para tentar chegar a uma essência humana – as mentiras de luz, enquadramento, figurino e composição que podem traduzir a verdade individual diante das lentes –, Parada aposta na franqueza da imagem, na presença mais desarmada possível de cada personagem seu. Claro que é uma utopia, pois há um componente artificial em qualquer retrato. Mas a tentativa já é uma linguagem em si, o registro de como a ética influi na estética. Deixar escritoras e escritores à vontade com aquilo que são, ou que podem ser segundo o melhor palpite que temos a respeito, ajuda o resultado a um só tempo despojado e rigoroso que vemos nas páginas a seguir.
Peso | 0,300 kg |
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Dimensões | 19 × 25 cm |
Título | Imagens da literatura |
Autor | Renato Parada |
Texto | Luiz Schwarcz e Michel Laub |
Idioma | Português/Inglês |
Formato | 19 × 25 cm |
Acabamento | Capa dura |
Papel | Capa Masterblank 135 grs / Miolo Munken Lunx Rough 120 grs |
ISBN | 978-65-89200-03-1 |
Editora | IpsisPUB |
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