Revista Morel #3
R$ 80,00
Morel é uma revista focada em literatura, fotografia, artes visuais e jornalismo.
Autumn Sonnichsen captura todas as idades de Maria Ribeiro.
E se Clara Averbuck e Eva Uviedo fossem Vladimir Putin?
O zoo (i)lógico de Marcelino Freire.
Rafael Vilela, Rebeca Lerer e Pedro Nogueira voltam a Junho.
É, JP Villalobos, a literatura é imortal, mas minha fome é pra ontem.
J.R. Duran e os lugares Dalí.
Renato Parada reflete sobre o tempo de Werner Herzog.
Polaroides perdidas de Fernando Costa Netto + uma prosa inédita de Xico Sá.
Leonardo Gandolfi medita sobre uma tela de Alexandre Wagner.
Érico Hiller documenta a sede do mundo; Nathalie Lourenço a imagina.
Uma musa carioca revisitada por Vilma Arêas.
O amor na pandemia: uma HQ de Adams Carvalho e Ronaldo Bressane.
Nossos filósofos carecas de saber, filosofados por Ricardo Coimbra.
Marília Marz enquadra o copia-e-cola das artes modernas.
“Meu mundo é hoje/ Não existe amanhã pra mim/ Eu sou assim/ Assim morrerei um dia/ Quem quiser gostar de mim, eu sou assim”, canta o príncipe supremo da elegância. Quando chegou à fórmula “Pessoas e universos atemporais”, Morel não havia previsto um efeito colateral. Uma coisa é você ter na mesma edição o cineasta Werner Herzog e o pintor Salvador Dalí – figuras tão clássicas quanto um italiano em Niterói, uns cannoli na rua Javari ou um xis-coração na Lancheria do Parque. Outra coisa é você ter Marina Sena, musa da edição 1, Gregorio Duvivier, muso da 2, e Maria Ribeiro, musa da 3 – três jovens do nosso presente, em pleno domínio da arte. O efeito colateral é Morel fazer você vê-los pelas lentes de 2050, 2100, 3000. É, não sabemos como estarão no futuro… sequer sabemos se esta revista em suas mãos não pegará fogo amanhã. Mas digamos que a gente olhe pra tudo como se estivesse na Voyager, como se estivesse no antigo Egito? Não pense biscoito, pense pirâmide, Rosa pedia; nosso mundo é hoje, não existe amanhã, Paulinho da Viola nunca foi tão budista. É o que reflete Renato Parada, sobre seu clique de Werner Herzog, perdido dez anos em seu HD até ser requisitado para adornar a orelha do livro do alemão sobre o último soldado japonês da Segunda Guerra. Hiroo Onoda ficou 30 anos escondido numa ilha, crente que a guerra não havia acabado. E se a guerra ainda não acabou mesmo? Talvez fosse interessante exercitar esse tipo de perspectiva, todo dia, antes de se arregalar nos boletos. Daí espiar no retrovisor aquele fatídico Junho que mudou, pro bem e pro mal, a política brasileira. Às imagens de Pira Vilela, na época estreando sua primeira câmera como voluntário da incipiente Mídia NINJA – hoje uma rede de notícias com 4,2 milhões de seguidores –, se agregam as memórias dos ativistas Rebeca Lerer e Pedro Ribeiro Nogueira. Daí também o toque de sanfona temporal na ficção de Xico Sá, sobre o medo do goleiro diante do pênalti – que dura cada um dos 90 minutos, mas também dura 40 anos. Em um diálogo de velhas tecnologias, a ficção de Xico conversa com as líricas polaroides de Dandão. Haja hoje para tanto ontem, caro Leminski. Enquanto o fotógrafo Érico Hiller documenta uma tragédia contemporânea – a inacessibilidade de água limpa no mundo –, a escritora Nathalie Lourenço especula no futuro o deus e o diabo na terra seca, mix de Ignácio de Loyola Brandão e Racionais MCs. Triste: tem quem se mate por água antes, durante e depois de nossa passagem por este planetinha. As estrelas no céu de hoje já voltaram ao vasto oceano do tempo, sugere a ficção de Vilma Arêas. E o vaidoso Vladimir Putin talvez fosse menos expansivo, digo, expansionista, caso trocasse o vento gelado de Moscou por outras brisas, conforme sopram as riot grrls Clara Averbuck e Eva Uviedo. Tudo é questão de perspectiva, um passo à frente e você já não está no mesmo lugar, meu amigo Chico Science. Maria Ribeiro, escoltada por Autumn Sonnichsen, vaivém na memória, em busca de uma luz que a ressignifique. E Juan Pablo Villalobos sublinha o ridículo da homenagem ao Escritor Centenário nos perrengues dos burocratas contemporâneos: maldição de estátua é pomba cagando na sua cabeça. Os elefantes-girafas de Salvador Dalí, captados por J.R. Duran, podem passear no mesmo microzoo dos seres de Marcelino Freire (onde “gatos nascem amanhã”), nas árvores de Alexandre Wagner e nos versos ternos de Leonardo Gandolfi. Por falar em Dalí, sim, esta revista também usa o método paranoico: “técnica irracional de conhecer a realidade, com imagens duplas ou imagens invisíveis, que nos remetem aos fenômenos de percepção ou de interpretação de uma realidade mais complexa do que parece à primeira vista”, como se reza na Catalunha. Ovos são relógios, pães são passaportes pro reino dos mortos: o método de Morel, primo dos quadrinhos de Ricardo Coimbra, Marília Marz e Adams Carvalho, é o da justaposição – aproximar universos distantes pra que um novo mundo nasça na sua cabeça, leitor/a. Haja amanhã para tanto depois de amanhã. P.S. Esta edição é dedicada a Fernando Paiva, bravo jornalista que juntava, como poucos, ideias brilhantes ao papel fosco. Viva Papaiva. (Ronaldo Bressane, editor)
Informação adicional
Peso | 0,300 kg |
---|---|
Dimensões | 21 × 28 × 7 cm |
Escolha a edição | Morel. #3 Capa Autumn Sonnichsen, Morel. #3 Capa Erico Hiller |
Editora | IpsisPUB |
Idioma | Português |
Tipo Capa | Brochura |
Páginas | 80 |
ISSN | . |
Dimensões | 21 X 28 cm |
Papel Capa | MasterBlank 270g |
Papel Miolo | Munken 120g |
Impressão | Processo digital – INDIGO 10.000 |