Revista Morel #12

MOREL #12

Entrevista
Esta edição de Inverno celebra o corpo e suas máscaras. E de disfarces entende a cantora Silvia Machete. Desde o número 1, Morel sugere que só as cantoras captam o rumor essencial dos nossos dias. Ao leitor cabe fazer o que Ulisses não soube, cercado de sereias: ouvi-las. Assim, à companhia de Marina Sena, Xênia França, Ana Frango Elétrico e Duda Brack se acrescenta a divertida voz de Silvia. Em entrevista para o editor Ronaldo Bressane, ela é flagrada pelas lentes psicodélicas de Gabriela Schmidt em sua nova encarnação: Rhonda, uma cigana urbana que canta em inglês na fronteira entre os Estados Unidos e o México, um drink colorido numa mão, uma maraca na outra, um piano no queixo, bambolê nos quadris, de hotel em hotel.

Se eu fosse…
Morel está atenta do underground ao pop, então outra cantora canta na edição: Taylor Swift, em possessão de frases e trejeitos pelo médium J.P.Cuenca, delineada por nosso exímio diretor de arte, Eduardo Kerges

Fotografia
Christian Gaul envia de Berlim um ensaio exclusivo com artistas do shibari e do bondage, que desbravam novas fronteiras para o corpo, novas sexualidades, novos limites para o amor.
Não há bordas também para os corpos fantásticos garimpados pelo mundo por Autumn Sonnichsen, que revela atletas olímpicos, paralímpicos, dançarinos, libertinos, soltos de peso, só poesia e suor.
E há espaço ainda para os corpos fantasmagóricos nas estradas perdidas de J.R.Duran, viajante incansável atrás de paisagens que nenhum GPS captura. Se você olhar bem, talvez flagre, ali no ar dessas vielas, vestígios da presença humana.

Ficção
Luiza Geisler conta a história de uma estudante que ouve um estranho encontro se desenrolar no aposento ao lado e se inquieta: se intromete ou deixa rolar?
Histriônico, André Sant’Anna se entranha no corpo de um jogador de futebol que acredita mesmo em Deus.
Em registro gótico, Cristhiano Aguiar ressuscita o mito do poeta Augusto dos Anjos para uma nova incursão entre os ainda vivos.
Ainda no timbre soturno, Marcelino Freire apresenta um fragmento de seu romance inédito Escalavra, uma história de pai e filho enterrados no sertão.
O horror também está presente nos corpos afogados, lembrança de uma tragédia recente no Sul, no cartum sensível de Tali Grass.

Intervalo
No caderno dedicado à arte serial, a escritora Michelli Provensi revisita seus pesadelos como modelo de passarelas, sonhos imaginados pelos pincéis surrealistas de Odyr Bernardi.

Arte Visuais
Colorindo as ficções desta edição e também nas guardas de Morel, a pintora Marcela Cantuária imprime diretamente sobre as telas a revolução dos corpos contemporâneos.

Retrato falado
Há espaço também para um corpo desaparecido faz pouco tempo, em uma crônica sobre a passagem de Paul Auster pelo Brasil na Flip de 2004, clicado por Bruno Torturra.

Ensaio
Sem pressa, o cronista Ricardo Terto traz um ensaio sobre o tempo acelerado que vivemos.

Poesia
“Adília Lopes diz que a literatura é uma chaise-longue/ o corpo descansando que nem um calango ao sol”, sussurra o poema de Luiza Leite.
Já Reuben da Rocha faz o tempo suspender em seu poema em prosa.
“O que paira/ por um segundo/ antes de desaparecer”, nos versos de Marcelo Montenegro.